REGRESSO ÀS ORIGENS....por Nuno Santos
..talvez seja esta a melhor definição da consciência que envolve esta “viagem” por terras africanas..
Em tempos não muito longínquos, pensei em fazer uma viagem para tentar encontrar algumas respostas.. aqui, acho que encontrei algumas, mas mais importante, descobri que a solução pode estar diante dos nossos olhos, ao nosso lado, só temos que saber olhar, mudar de perspectiva.. tudo se resume a perspectiva.. e faz toda a diferença quando começamos a entender a meta de um sonho concretizado, de um objectivo realizado, não um fim, mas sim o início de uma nova etapa.
Sim, ainda estou a falar do regresso às origens.. Regresso às nossas origens, afinal foi daqui que todos saímos, regresso à geologia pura, regresso a um modo de vida hà muito tempo perdido no nosso Portugal, regresso aos meios de subsistência básica, regresso à ausência de cuidados médicos, regresso à lei do povo, à justiça popular e ancestral, em que os mais velhos ditam a lei e os mais novos cumprem, regresso ao respeito pela natureza, mas que tudo se mata, por fome, regresso ao medo da noite, dos feiticeiros, regresso ao mar, regresso às famílias numerosas, às casas sem luz, sem água, regresso a um estranha coexistência entre o pecado e a tradição religiosa.. regresso a um modo de vida de outrora, mas que aqui não é passado, é presente e para muitos, o futuro.
É neste contexto de regresso às origens, que vos apresento a primeira actividade do Clube Azuribike, International department.
..e porque não a 1ª prova de ciclismo em Mucula.
Em Angola o futebol é o desporto por excelência, não só pela paixão, mas também pela facilidade de se praticar, pois uma simples bola pode reunir 22 pessoas, e mais umas centenas em apoio.
O objecto bicicleta é visto como um luxo, para a maioria das pessoas, e quando se adquire, é apenas como meio de transporte, o conceito de desporto e forma física não está associado. As bicicletas mais vendidas por estas bandas, são muito semelhantes às nossas famosas pasteleiras, contudo, já se vêm entre os mais novos, as bicicletas “tipo montanha”, como aqui se apelidam. Os preços podem variar entre as 6000Kz e as 17000Kz, qualquer coisa como 45€ e 130€. Mais de metade dos atletas presentes nesta prova, ganham 15000Kz por mês, a trabalhar para os chineses, o que representa 29 dias de trabalho por mês e um de descanso apenas. Com estes valores dá para perceber melhor os sacrifício na aquisição de uma bicicleta destas.
Esta actividade foi uma experiência fantástica, e os atletas corresponderam com espírito desportivo e alguns com uma concentração digna de uma prova internacional.
A divulgação da prova e o “merchandise” que se utilizou no dia do evento, é um reflexo dos meios disponíveis e possíveis. Por exemplo, a faixa “Azuribike” foi feita com três sacos de pano, que utilizamos para guardar as amostras das sondagens.
Até breve..
Nuno
2 comentários:
Extraordinário.
Parabéns Nuno por esta iniciativa, nesse país irmão tão longinquo.
Fiquei agradavelmente surpreendido com esta noticia. Continua a promover o nosso querido clube por essas terras africanas.
Esta é aprova que o Azuribike é um clube impar, no panorama do ciclismo nacional.
Abraços deste teu amigo e colega de pedaladas,
Amândio
Grande Nuno!!!!
Ainda este fim de semana falei de ti com o o Zé o irmão do farinha por não saber noticias tuas! e depois aparece aqui esta notícia fantastica!!!
ès um campeão em proporcionares ai a esses ciclistas um experiência nova!!! Para nós é tão natural pegar na bike e andar que não imaginamos as dificuldades ai!!!
Se necessitares alguma coisa para ajudar ai é só dizer!!!
Aquele abraço
Gouveia
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