30/12/2010

ELOS DE VIDA


Uma nova Categoria de artigos no Azuribike.
Trata-se de um conjunto de artigos de opinião acerca dos temas mais pertinentes no Mundo do Ciclismo. Serão abordadas diversas questões relacionadas com o Doping, Metodologia do Treino, Nutrição, etc.
Esta categoria não será assinada por mim mas sim por alguém que tem conhecimentos suficientes para tal.
JOAQUIM PATRÍCIO é o mais recente colaborador do Azuribike.
A sua experiência como treinador de ciclismo nas camadas jovens permite-lhe abordar estas e outras questões de forma aprofundada.
Possui o Curso de Treinadores de Ciclismo de Nível 2 tendo sido treinador das camadas jovens no CENTRO DE CICLISMO DE LOULÉ.
Actualmente é treinador especializado em BTT, fazendo o acompanhamento de diversos atletas.
DOPAGEM NO CICLISMO

Para que o desporto continue a ser considerado como uma escola de virtudes, onde aqueles que o praticam procuram a obtenção do mais alto nível de bem-estar físico, psíquico e social, torna-se necessária uma atitude intransigente dos Governos de todo o Mundo e do Movimento Desportivo no que concerne ao combate ao flagelo da dopagem.
A grande maioria das pessoas associa a utilização de substâncias dopantes ao desporto de alta competição, no entanto, o âmbito de utilização destas substâncias é muito mais alargado, atingindo os utentes de ginásios de musculação, os jovens em idade escolar ou até mesmo pessoas que não estão envolvidas directamente em qualquer tipo de prática desportiva.
As razões que conduzem à utilização deste tipo de substâncias são muito variadas e dependem dos objectivos que cada um procura atingir com a sua utilização. Os atletas de competição e alguns jovens em idade escolar procuram nestas substâncias uma forma de melhorar o seu rendimento desportivo, cedendo às pressões de uma sociedade que exige prestações desportivas cada vez mais elevadas. Os utentes de ginásios e alguns jovens utilizam estas substâncias com o objectivo de melhorarem a sua imagem corporal, tentando dar resposta a uma sociedade onde a imagem exterior é sobrevalorizada.

A lista de substâncias e métodos proibidos da AMA (Agência Mundial Antidopagem) para controlos realizados durante a competição, tem a seguinte constituição:


Seguidamente apresenta-se uma breve descrição das substâncias dopantes mais utilizadas, designadamente os Estimulantes e Esteróides Anabolisantes, isto porque no ciclismo em particular são os que representam maior relevância no que respeita ao desenvolvimento de melhores rendimentos desportivos.

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ESTIMULANTES

Os estimulantes são substâncias que têm um efeito directo sobre o sistema nervoso central na medida em que aumentam a estimulação do sistema cardiovascular e do metabolismo orgânico em geral. Os estimulantes mais disseminados no mundo desportivo são: anfetaminas, cocaína e efedrina.
Os estimulantes aumentam a capacidade de tolerância ao esforço físico através do aumento da actividade nervosa, do metabolismo e da frequência cardíaca e diminuem o limiar da dor (fadiga), contudo em excesso, causa dependência física, dependência psíquica, diminuem a capacidade de termorregulação corporal, e reduzem a função renal podendo ainda conduzir ao colapso cardíaco.

NARCÒTICOS

Os analgésicos narcóticos proibidos no desporto estão representados pela morfina e por compostos químicos e farmacológicos similares. São derivados do ópio. Actuam ao nível do sistema nervoso central, diminuindo a sensação de dor acarretando, como efeitos secundários, a perda de equilíbrio e da coordenação, náuseas e vómitos, prisão de ventre, depressão, diminuição da capacidade de concentração, da frequência cardíaca, redução do ritmo respiratório com risco de paragem respiratória e dependência física e psíquica.

CANABINÓIDES

São derivados de uma planta indiana, a Canabis Sativa. A marijuana ou o haxixe podem ser tomadas como forma de relaxar antes de uma competição, diminuindo a ansiedade pré-competitiva ou para melhorar o estado de prontidão em desportos de risco. Uma utilização repetida e habitual conduz ao desinteresse, à desmotivação, à diminuição de atenção e da concentração e à letargia e provocam uma maior predisposição às doenças infecciosas.
Como aspectos negativos realça-se o aumento da frequência cardíaca, inflamações das mucosas (bronquites, faringites, rinites), tumores malignos (cancro) motivados pelo fumo simultâneo do tabaco, perda de memória, perda de equilíbrio e da capacidade de concentração, alucinações, dependência psíquica, alterações da ovulação e diminuição do número de espermatozóides e sua motilidade.


ANABOLISANTES (ESTERÓIDES)

Os esteróides anabolisantes são derivados de uma hormona masculina, a testosterona, provocando a hipertrofia (aumento) tecidular, nomeadamente muscular. Após a sua administração há um incremento da síntese das proteínas, nomeadamente ao nível dos genitais, dos ossos, da pele e do tecido muscular.

Os anabolisantes aumentam a massa muscular, a capacidade perceptiva, a recuperação pós esforço e a massa óssea, os efeitos secundários são: a queda do cabelo, acne, lesões ao nível do sistema reprodutor com a diminuição da produção da testosterona sexual levando à impotência, esterilidade e atrofia dos testículos, aumento das roturas tendinosas, hipertensão arterial, doenças hepáticas (fígado) podendo conduzir ao aparecimento de tumores malignos (cancros) no fígado e próstata (entre outros).


EPO (ERITROPOIETINA)

A EPO (eritropoietina) faz parte das hormonas peptídicas, actuando no organismo como mensageiros que levam à produção de outras hormonas endógenas, como a testosterona e os glucocorticosteróides, que aceleram o crescimento corporal e diminuem a sensação de dor.

Esta hormona aumenta o número de glóbulos vermelhos (eritrócitos) no sangue através de um incremento da sua produção pela medula óssea e desse modo aumenta a sua capacidade de transporte do oxigénio.
Com o aumento de glóbulos vermelhos aumenta também a viscosidade sanguínea, os atletas arriscam-se a sofrer convulsões, hipertensão, enfarte de miocárdio, enfarte cerebral, embolia pulmonar, anemia crónica e morte súbita.



BETA-2 AGONISTAS

Os beta-2 agonistas são medicamentos utilizados habitualmente no tratamento de asma e de outras doenças pulmonares. Os atletas utilizam-nos (de forma ilícita) para obterem efeitos estimulantes e anabolisantes, obtendo deste modo um aumento da massa muscular. Os efeitos negativos mais frequentes são o tremor, insónias, agitação cefaleias, náuseas, cãibras e arritmias cardíacas.

Nota: Alguns beta-2 agonistas podem ser utilizados por via inalatória pelos atletas asmáticos, desde que haja uma justificação terapêutica e as instâncias competentes sejam devidamente notificadas. (Os produtos permitidos são os que contenham salbutamol, salmeterol, terbutalina e formoterol).


DIURÉTICOS E OUTROS AGENTES MASCARANTES

Os diuréticos são drogas que aumentam a produção e a excreção de urina. Os diuréticos servem para reduzir o peso corporal rapidamente, para “secar” os músculos, que assim terão melhor aspecto e como tentativa de aumentar a excreção urinária e assim eliminar mais rapidamente eventuais substâncias dopantes, contudo podem levar à desidratação, cãibras musculares, doenças renais, alterações do ritmo cardíaco e perda acentuada de sais minerais.
Os agentes mascarantes são utilizados para dissimular a presença de uma substância ou de método dopante.


GLUCOCORTICOSTERÓIDES

Normalmente são usados como anti-inflamatórios ou analgésicos. Os atletas utilizam-nos (de forma ilícita) para facilitarem a recuperação após a actividade desportiva, mas também por estas substâncias provocarem um efeito de euforia. Os efeitos negativos são: insónias, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, atraso na cicatrização das feridas, diabetes, azia, lesões musculares e tendinosas, osteoporose, predisposição para infecções, psicoses e agressividade.




ALCOOL

Se ingerido em pequenas quantidades, reduz o tremor, melhora a sensação de autoconfiança e é relaxante. É usado em desportos em que é necessário estar calmo, como o bilhar, tiro com arco, tiro, entre outros. O álcool pode gerar habituação, com dependência física e psíquica, diminuição dos reflexos motores e da coordenação neuro-muscular, aumento de agressividade e doenças mortais do fígado (cirrose) e coração (insuficiência cardíaca).
Seguidamente apresenta-se uma breve descrição dos métodos mais utilizados.

DOPAGEM SANGUÍNEA

A dopagem sanguínea consiste na administração de sangue ou derivados a um atleta sem que existam para isso motivos médicos. A administração pode ser autóloga (extracção do sangue do próprio atleta, conservação e posterior reintrodução, dias antes de uma competição) ou homóloga (proveniente de dadores).
Está comprovado que a dopagem sanguínea pode aumentar a capacidade aeróbia, ou seja, aumento da capacidade de transporte de oxigénio a todas as partes do corpo dos atletas. Poderão ter interesse em desportos de endurance, como o atletismo de fundo, ciclismo e natação.
Os seus principais efeitos secundários são reacções transfusionais, doenças e infecções (hepatites B/C, SIDA, …), sobrecarga cardíaca, tromboses/ hemorragias, etc.


MANIPULAÇÃO QUIMICA E FISICA

Este tipo de procedimento tem em vista a ocultação de substâncias dopantes aquando da realização de um exame à urina. Os efeitos negativos decorrem da algaliação, o que pode acarretar infecções urinárias, inflamações do aparelho urinário e lesões da uretra.


Texto Elaborado Por:

Joaquim Patrício
joaquimpatricio@iol.pt
Curso de Treinadores de Ciclismo – Nível 2



Para mais informações poderá consultar:

IDP - Instituto do Desporto de Portugal
www.idesporto.pt

ADOP – Autoridade Antidopagem de Portugal
antidopagem@idesporto.pt
Linha Azul: 808 229 229
Fax: 217 977 529

7 comentários:

FRINXAS disse...

Muitos parabéns por esta ideia amigos. Não sei quem a teve, mas estão de parabéns!!!!

Anónimo disse...

Eu sigo o seu blog com atenção mas atenção com a autoria dos post... se verificar este site os seus leitores podem ficar com dúvidas.... http://www.submundos.com/forum/desporto/dopagem/

Anónimo disse...

Olá! Meu nome é Gugu Santiago e sou atleta Brasileiro! Parabéns pelo site, è muito bom!!! Descobrí este site tem pouco tempo mas já está como favorito! Excelente Post! Continue assim! Também tenho um site, depois dê uma passadinha por aquí...(mocradical.wordpress.com)
Abraços...

Conan disse...

Estou em total desacordo com o início do texto. Os governos não têm qualquer obrigação de adoptar uma atitude de "combate" ao "flagelo" da droga no desporto. Existe um problema de droga na sociedade, não problemas de drogas de alto rendimento desportivo. Se há um flagelo, os agentes do desporto que se preocupem com ele, isto é, que gastem dos recursos próprios e deixem os recursos dos contribuintes para as despesas realmente necessárias para a sociedade. Sob a capa da "virtude" esconde-se o manto virulento da hipocrisia, cuja ponta do bloco de gelo mais visível é o ciclismo. Atente-se ao que aconteceu ao Manuel Zeferino e sua equipa, desmembrada ilegal e hipocritamente, sob acusações nunca provadas, e atender ao que se passa neste momento com o Cândido Barbosa, o herói do povo, a braços com um caso provado de adulteração de resultados. A todo o custo se tenta apagar algo que já se sabia na FPC mesmo antes de começar a Volta a Portugal de 2010. E depois, será só o Cândido o único "prevaricador" na equipa de ciclismo mais velha do mundo? Por exemplo, terei sido o único a estranhar a fantástica recuperação do David Blanco na etapa da Serra da Estrela, em 2009, quando a corrente lhe saltou da bicicleta? Que diabo, nem o Shleck conseguiu fazer o mesmo no Tour! Que desperdício ter o Blanco por aqui, quando podia lutar com os melhores do mundo numa corrida a sério!
Este pseudo-problema serve primeiramente para uns tantos engordarem a conta bancária, a maior parte deles à custa do dinheiro dos nossos impostos. O ciclismo é o desporto de eleição escolhido para testar não só os efeitos de novas drogas produzidas pelos laboratórios "fabricantes" como a capacidade dos laboratórios "fiscalizantes" detectarem essas novas drogas. E quem patrocina os "fiscalizantes"? O nosso dinheiro, claro. Se os "fabricantes" ganharem a batalha da detecção contra os "fiscalizantes", eis que essas novas drogas poderão ser distribuídas mais "descansadamente" pelos outros desportos, aqueles onde o dinheiro corre a jorros, como o basquetebol, o ténis e o futebol. Só não vê quem não quer ou quem beneficia com isso. Não é por acaso que os grandes mestres do assunto vêm quase todos do ciclismo e que, quando se fala de ciclismo, se associa logo o mote "doping". É automático. Quando vou para a estrada e me disfarço de ciclista de competição, é o que mais ouço dos que comigo se cruzam: "lá vai um dopado". Quando converso com alguém que não está ligado ao meio, a pergunta mais frequente é: "o que tomas para fazeres tantos quilómetros?".
(continua)

Conan disse...

(cont.)
Porque razão todos se calaram ou foram mandados calar depois de se saber que a esmagadora minoria dos atletas da Operácion Puerto era ciclista? Bela imagem que criaram! Se esta história do Blanco se tornar tão visível como foi o caso Maia-MSS-PCC, então é que é o fim do ciclismo em Portugal. Pelo menos do dito profissional, porque o popular, devido ao enraizamento profundo que já possui, penso que não acabará. Pelo menos enquanto houver bicicletas e gente disposta a pedalar nelas. :)
Depois há outras coisas que discordo neste artigo. A abordagem ao problema da droga é invía. O desporto é uma maneira de as pessoas socializarem e melhorarem vários aspectos da sua vida, nomeadamente a estima própria, o trabalho em equipa, o respeito pelo outro, a componente físico-psíquica. A droga é algo mau por si e essa é a mensagem que deveria passar. Seja no desporto, na escola ou no trabalho. Não tomo drogas por ter medo de ser apanhado pela fiscalização (no nosso país, então, isso seria para rir). Não tomo drogas porque sei que prejudicam a minha saúde. Só isso. Se outros as tomam, que assumam depois as consequências das suas decisões. O argumento que isso pode desvirtuar os resultados desportivos cai pela base: se todos forem livres de assumirem as suas escolhas, então todos terão acesso aos mesmos produtos. Depois cada um que se adapte ao seu poder económico, ao seu pensamento e modo de vida.
(continua)

Conan disse...

(cont.)
Finalmente, para terminar, o facto de estas tabelas de produtos demonstrarem, por si, a hipocrisisa do conceito. Quando se fala neste assunto aponta-se o atleta, o elo mais fraco da cadeia, como o único culpado. Então quem é o atleta que tem capacidade para saber aquilo que está a tomar? Uma minoria, muito pequena mesmo, seguramente, sabe. Os outros, se não tiverem um forte apoio, leia-se, uma equipa médica e técnica dignas desse nome, não se sabe como o farão. É com cada termo científico mais tenebroso! Como saber se o produto que compro, tão publicitado, não está contaminado por um desses produtos proibidos? Ver o caso Rui Costa e Mário Costa. Provaram que os produtos estavam contaminados e a sua composição era fraudulenta, isto é, a lista de ingredientes no rótulo da embalagem estava incompleta. E que dizer do caso GoldNutricion, que envolveu alguns corredores, que foram posteriormente ilibados, mas cujo fabricante de tal produto não recebeu qualquer sanção? Pelo contrário, continua a ser patrocinador de várias equipas, associações e federações. Como é que isto é possível? Onde está aqui a virtude, blábláblá?
Nota: não estou a colocar em causa a competência técnica ou profissional de quem escreveu isto. Discordo somente da abordagem do assunto, isto é, da abordagem oficial da existência de um problema de "drogas de alto rendimento" no desporto.

Anónimo disse...

Conan ,tens razão , o mundo está perdido, pelo menos o do ciclismo, se até os VETERANOS C , em btt,mais concretamente em xcm , se dopam .....

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